Mensalmente, há mais de 200 milhões de buscas, no Google, para a ansiedade. Em relação à depressão, esse número duplica. O estresse, por sua vez, tem cerca de 150 milhões de buscas. E para o consumismo 22 mil e 200.
Fato é que as pessoas tentam equilibrar as emoções, os sentimentos e o excesso de pensamentos, por meio de válvulas de escape!
Segundo levantamento do IPEA (2017), cerca de 61 milhões de pessoas estão inadimplentes (Serasa, 2017), ou seja, cerca de 30% da população brasileira não tem condições de constituir crédito.
Uma das situações claras, que impulsiona a inadimplência, é o consumo inadequado pelo descompasso no que tange a necessidade (ou falta de necessidade) de um bem e a capacidade (ou incapacidade) de pagamento de cada pessoa.
Não há problemas em comprar um bem desejado!
Há, também, um problema emocional quando a pessoa compra compulsivamente bens que julga antecipadamente necessitar, independentemente de possuir ou não recursos, mas que se percebe, posteriormente, serem produtos supérfluos.
Consumir é algo normal e necessário, mas esse processo deve surgir de um padrão de racionalidade!
De fato, enquanto a sociedade concebe o consumo como um poder, um prazer, como independência e autonomia, a aquisição descontrolada de bens pode ser uma demonstração da dificuldade de uma pessoa em controlar sua impulsividade!
O prazer proporcionado pela compra deixa de existir muito rápido, tão rápido quanto a pessoa percebe que ele não é, simplesmente, necessário e, principalmente, quando compreende que os problemas emocionais ainda estão lá, reclamando uma intervenção.
E mais, é importante destacar, que as válvulas de escape, normalmente, representam mais um novo problema, para alguém que tem tanto para gerenciar.
A inadimplência, a perda da capacidade de obter crédito e, especialmente, a falta de recursos para o consumo de coisas importantes são exemplos disto.
As válvulas de escape são saídas comuns, que as pessoas concebem como hábito (vício) para minimizarem seus problemas.
Muitas vezes, elas são comportamentos recorrentes, que deixam marcas bem desagradáveis, que afetam a saúde física e/ou mental, a imagem pessoal e profissional e, principalmente, os relacionamentos, em todos os seus âmbitos.
Em específico, quanto ao consumismo como válvula de escape, é possível treinar a mente para que ela constitua novos processos cognitivos, que freiem a impulsividade pelo consumo supérfluo.
Contudo, treinar a mente para substituir vícios, evitar comportamentos recorrentes – que são partes consolidadas da memória das pessoas consumistas – exige muita disciplina.
Ela também deve entender que a repetição sistêmica desse comportamento pode realmente complicar sua vida financeira e seus relacionamentos!
Depois, é preciso construir novas associações de memória, que podem ser mais utilizadas como referência para os novos relacionamentos com o consumo.
Para isso, os treinamentos mentais constituem novas possibilidades de processamento dos pensamentos (um reprocessamento), que possibilita novos conhecimentos, que se solidificam, na medida em que assumem uma representatividade na vida dessas pessoas!
Perceber que o dinheiro que você está gastando sem necessidade poderia ser utilizado para coisas mais importantes, por sua vez, gera uma tranquilidade que diminui o ímpeto por consumir!
Naturalmente, isso não para por aí! A razão da válvula de escape continua viva! Seja um estresse elevado, uma tristeza profunda, uma ansiedade opressora, não importa! A pessoa precisa dar o próximo passo, treinando sua mente para superar esses desequilíbrios emocionais!
E quem sabe, essa crise econômica não diminui quando as pessoas se posicionarem de maneira proativa sobre o consumo?!
A impulsividade consumista é um mal para quem a possui e, também, para os familiares, para as instituições financeiras, para comerciantes e para a sociedade como um todo, pois impede as pessoas de sustentarem hábitos de consumo, que satisfaçam a todos e permitam consumir dentro de uma perspectiva mais saudável, sem estresse, sem depressão, sem ansiedade!
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Mestre em Educação e Doutoranda em Neurociência, Neurocientista, Psicóloga, CEO e gestora do conselho científico do The Mindset.